A origem do carnaval brasileiro é europeia
O carnaval é uma herança do “entrudo” português e das mascaradas italianas.
Entrudo, derivado do latim “introitus”, significava “entrada”, “começo”, nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma.
Entretanto, o entrudo é muito antigo, anterior ao Cristianismo; as comemorações eram na mesma época do ano e usadas na celebração do fim do inverno e início da primavera.
Com o tempo, passou a fazer parte do calendário religioso, indo do Sábado à Quarta-feira de Cinzas.
No Brasil, o entrudo era praticado pelos escravos. Saíam às ruas com os rostos pintados e se divertiam jogando água uns nos outros (alguns usavam “água de cheiro”); às vezes, jogavam “outras coisas” não agradáveis, incômodo tolerado pelos participantes.
Isso pode explicar o fato de muitas famílias mais reservadas não comemorarem nas ruas, comemorando em casa.
As moças das famílias de reputação ficavam nas janelas, discretamente, jogando água nos festeiros.
Os abusos e a criminalização do entrudo
Abusos são comuns em todas as atividades humanas e com o entrudo não foi diferente: em meados do século 19, essa prática foi criminalizada, após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa.
Porém, os bailes de carnaval em clubes e teatros ao som de polkas continuou normalmente.
A adaptação
Com o passar do tempo, o entrudo adquiriu maior graça e leveza, substituindo as maneiras grosseiras por outras mais civilizadas, como os limões de cheiro, esferas de cera cheias de água perfumada, frascos de borracha ou bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha, precursoras dos lança-perfumes introduzidos em no final do século 19.
As marchinhas de carnaval e o samba
As marchinhas de carnaval surgiram no século 19, numa época que só os bailes de salão tinham música. Já o samba surgiu no início do século 20.
Foi nessa época que os desfiles de carros conversíveis faziam parte do carnaval.
Na década 1920 surgiram as primeiras escolas de samba, e a primeira disputa ocorreu em 1929.
A década 1930 ficou conhecida como “a era das marchinhas”, com muitos sucessos, com destaque para “Os cabelos da mulata”, de Lamartine Babo.
A comercialização do carnaval
A partir dos anos 60 o carnaval foi transformado em “negócio cultural”. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais perceberam o potencial lucrativo e começaram a investir nessa “festa popular”. Tornou-se uma “tradição cultural brasileira”, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país nessa época, em busca de diversão.
A relação do carnaval com a religião
O carnaval “está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e o controle dos prazeres.”
Na Idade Média foi criada a Quaresma (período de 40 dias antes da Páscoa caracterizado pelo jejum). Tempos depois, as festas realizadas pelo povo foram concentradas nesse período e nomeadas “carnis levale“.
Antes disso, as festas começavam no Natal e só terminavam na páscoa.
Carnis levale
Do latim Carnis levale, o nome significa ‘afastar-se da carne’ e foi incorporada ao calendário litúrgico da Igreja Católica como marco para o início da Quaresma.
O carnaval, festa considerada pagã, quando foi incorporada pela Igreja, criou-se também restrições como o consumo de carne pela última vez antes do jejum da Quaresma, ritual comum no catolicismo.
Portanto, o carnaval seria os dias de exaltação da liberdade antes das restrições do período da Quaresma estipuladas pela religião.
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