A Quarta-Feira de Cinzas é uma data presente no calendário religioso dos católicos, sendo o momento que inaugura a Quaresma, o famoso período de penitências que se estende por 40 dias.
Durante a Quarta-Feira de Cinzas, realiza-se uma missa marcada pela prática da imposição de cinzas, na qual os fiéis demonstram a sua devoção.
Quaresma
A Quarta-Feira de Cinzas é uma data extremamente importante do calendário religioso católico. Essa data marca o encerramento do Carnaval e o início da Quaresma em diversos locais de tradição religiosa cristã.
Com o término do Carnaval, inicia-se um período que é absolutamente o oposto de tudo que representa o Carnaval: a Quaresma. Na tradição cristã, a Quaresma é um período de penitência, marcado por jejuns, obras de caridade, leitura da Bíblia e muita oração, ou seja, todo o hedonismo carnavalesco é substituído por uma vida ascética, isto é, voltada para a espiritualidade.
Imposição de cinzas
A imposição de cinzas demonstra a intenção do fiel de se manter no caminho da devoção, mas também demonstra o caráter transitório do ser humano na Terra, ou seja, é uma lembrança ao homem de que, conforme a tradição cristã diz, do pó o homem veio e ao pó o homem voltará. A mortalidade do homem é, portanto, mais um indicativo da necessidade dele pela graça de Deus. Além disso, na tradição oriental, as cinzas eram utilizadas como demonstração de arrependimento.
Qual a origem das cinzas?
As cinzas utilizadas durante a missa de Quarta-Feira de Cinzas são derivadas dos ramos utilizados na missa de Domingo de Ramos do ano anterior. Esses ramos são queimados e as cinzas obtidas são abençoadas com água benta e recebem incenso como aromatizante.
Qualquer um pode impor cinzas sobre os fiéis?
Não. Na tradição religiosa dos católicos, somente os padres podem fazer a imposição de cinzas nos fiéis. Durante a celebração, os padres fazem uma cruz na testa dos fiéis com as cinzas misturadas com água benta. Os fiéis presentes na missa de Quarta-Feira de Cinzas devem estar em observância de jejum.
O que é a Quaresma?
Um dos costumes mais conhecidos, e que é praticado por milhões de cristãos, é a observância da Quaresma. Esse é um período do calendário litúrgico do cristianismo que serve como antecipação e preparação para a Páscoa — a celebração da ressurreição de Jesus e a festa mais popular do cristianismo.
A Quaresma funciona mais como uma preparação espiritual e menos como uma preparação física ou material.
A Igreja Católica orienta seus fiéis a reforçarem ações de caridade durante a Quaresma, e muitos deles passam mais tempo fazendo leitura e meditação da Bíblia, além das orações.
Alguns historiadores levantam a hipótese de que a criação da Quaresma deu-se por influência de antigos cristãos orientais que faziam jejum dias antes da Páscoa. Uma prática muito comum eram os batismos pascais, e os envolvidos com o batismo faziam um jejum rigoroso. A duração desse ato variava de lugar para lugar.
Um detalhe importante da Quaresma é que ela é um costume de católicos, ortodoxos, luteranos e anglicanos. No Brasil existem todas essas vertentes do cristianismo, sendo que os católicos são os mais numerosos. Outro grupo cristão muito numeroso são os evangélicos, originários do luteranismo, mas eles não observam a Quaresma.
Os Judeus Antigos
Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas significava arrependimento dos pecados e volta para Deus.
A intenção desse sacramental é nos levar ao arrependimento dos pecados, é fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui.
Devemos, sim, lutar para deixar a vida na Terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.
Estamos de passagem na Terra
A razão inexorável da precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre.
Em cada flor que murcha e em cada homem que falece sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia.”
Isso nos mostra também que a vida está em nós, mas não é nossa.
A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e constante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos, principalmente para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, vão nos abrir as portas da vida eterna e definitiva.
Só o amor, a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.
Para os que creem, a efemeridade tem sentido: a vida “não será tirada, mas transformada”.
Deixe um Comentário