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Maya

O que é Maya?

Maya é um termo filosófico que tem vários significados: em geral, ele se refere ao conceito da ilusão que constituiria a natureza do universo.

Seu significado é complexo porque envolve ele mesmo uma dualidade, pois Maya não pode ser real se consideramos o Absoluto como a única realidade, mas não pode ser irreal pois é a base de todo o universo objetivo. A realidade, assim, envolve a compreensão da natureza de Maya sem sua negação, mas distinguindo-a do Absoluto.

Foi importado para o ocidente no século XIX, tornando-se parte da crença entre os devotos das religiões orientais e círculos esotéricos. Dentro dessas linhas de pensamento, Maya se torna o principal obstáculo para o desapego das seduções do mundo sensorial, para a superação dos enganos criados pelo dualismo e para a conquista da verdadeira iluminação.

O conceito foi aperfeiçoado pelo filósofo indiano Adi Shankara e foi absorvido pelas religiões e filosofias do oriente.

Adi Shankara

Foi o principal formulador doutrinal do Advaita Vedânta, ou Vedânta não-dualista. Segundo a tradição, foi uma das almas mais excelsas que já encarnaram neste planeta, chegando a ser considerado uma encarnação do deus hindu Shiva. Sua vida encontra-se envolta em mistérios e prodígios que a tornam semelhante às de outros grandes mestres espirituais da humanidade, como Jesus e Buda. Diferentemente destes, contudo, Shankara não foi o fundador de uma religião, mas o renovador de uma, no caso o Hinduísmo.

Advaita Vedanta

Advaita Vedanta é uma das três escolas de Vedanta do pensamento monista hindu.

A palavra Vedanta vem de “Vedas – livros sagrados da Índia antiga” e “anta (final)”, ou seja, a parte final e mais avançada dos Vedas. Há ainda um outra possibilidade de entendimento para o termo, significando a associação de textos complementares “ao final” do corpo principal dos Vedas. Os textos complementares em questão seriam as Upanishads.

Advaita literalmente significa “não dois”, não dual; é um sistema filosófico que sustenta a não realidade, ou ilusão, de tudo aquilo que não seja a Consciência Suprema, Eterna e Infinita (Brahman). O Vedanta caracteriza Brahman como realidade, consciência e beatitude.

Nacionalistas Hindus clamam que o Vedanta tem origem nos ensinamentos dos Upanishads, entretanto há um consenso entre estudiosos modernos que o Vedanta tem origem bem mais recente no trabalho de Shankara (788-820), que na época tentava combater a influência budista na Índia. Shankara através da análise da consciência experimental, expôs a natureza relativa do mundo e estabeleceu a realidade não dual ou Brahman, na qual Atman (a alma individual) ou Brahman (a realidade última) são absolutamente identificadas.

A unidade de existência é um dos grandes temas da Vedanta e um pilar essencial da sua filosofia.

De acordo com ela, a unidade é a essência da vida. O que quer que vemos e o que experimentamos é apenas uma manifestação dessa eterna unidade. A divindade no âmago do nosso ser é a mesma divindade que ilumina o sol, a lua e as estrelas. Não há nenhum lugar onde nós, infinitos em nossa natureza, não existimos.

Os ensinamentos da Vedanta são aplicáveis para perceber que todos os múltiplos aspectos da criação estão unidos em e através da divindade. O Ser que está dentro de mim, é o mesmo Ser que está dentro de você.

“O Ser está em toda parte”, diz o Isha Upanishad.

“Aquele que vê todos os seres no Ser, e o Ser em todos os seres, não odeia ninguém. Para quem vê a unicidade em todos os lugares, como pode haver decepção ou tristeza? ” Todo o medo e toda a infelicidade surgem de nosso senso de separação da grande unidade.

A Vedanta afirma que a dualidade, o nosso sentimento de separatividade em relação ao resto da criação, é sempre um equívoco, uma vez que implica na existência de algo além de Deus. Não pode haver nenhum outro. “Esta grande pregação, a unidade de todas as coisas, que faz de nós um com tudo o que existe, é a grande lição a aprender”, disse Swami Vivekananda um século atrás.

De acordo com a Vedanta, o Ser é a essência do universo, a essência de todas as almas. Você é uno com o universo. A felicidade pertence àquele que conhece essa unidade, que sabe que ele é uno com o universo.

O véu de Maya

O conceito de Maya

A Vedanta declara que nossa natureza real é divina: pura, perfeita, eternamente livre. Não temos que nos tornar Brahman, nós somos Brahman. Nosso verdadeiro Ser, o Atman, é um com Brahman.

Mas, se nossa natureza real é divina, por que, então, estamos tão incrivelmente inconscientes disso?

A resposta para essa pergunta está no conceito de Maya, ou ignorância. Maya é o véu que encobre nossa natureza real e a natureza real do mundo à nossa volta. Maya é fundamentalmente insondável: não sabemos por que ela existe e não sabemos quando ela começou. O que realmente sabemos é que, como qualquer forma de ignorância, Maya deixa de existir com o raiar do conhecimento, o conhecimento da nossa natureza divina.

Brahman é a verdade real da nossa existência: em Brahman, vivemos, movemos-nos e existimos. “Tudo isto é verdadeiramente Brahman”, declaram os Upanishads. O mundo mutável que vemos à nossa volta pode ser comparado às imagens que se movem na tela do cinema: sem a tela não pode haver filme. Da mesma forma, por trás deste mundo mutável, é o imutável Brahman – o substrato da existência – quem dá ao mundo sua realidade.

Porém, para nós, essa realidade é condicionada, como um espelho deformado, por tempo, espaço e causalidade – a lei de causa e efeito. Além disso, nossa visão da realidade ainda é obscurecida pela identificação equivocada: nós nos identificamos com o corpo, a mente e o ego, em vez de nos identificarmos com o Atman, o Ser divino.

Essa percepção equivocada original cria mais ignorância e dor, num efeito dominó: ao nos identificarmos com o corpo e a mente, tememos a doença, a velhice e a morte; ao nos identificarmos com o ego, sofremos de raiva, ódio e centenas de outros tormentos. Ainda assim, nada disso afeta nossa natureza real, o Atman.

Maya pode ser comparada às nuvens que encobrem o sol: o sol permanece no céu, porém a nuvem densa nos impede de vê-lo. Quando as nuvens se dispersam, tornamo-nos conscientes de que o sol lá esteve o tempo todo. Nossas nuvens – Maya, que surge como egoísmo, ódio, ganância, luxúria, raiva, ambição – são sopradas para longe quando meditamos sobre nossa natureza verdadeira, quando nos ocupamos de ações altruístas e quando agimos e pensamos consistentemente nas formas de manifestarmos nossa real natureza: isto é, por meio de verdade, pureza, alegria, autocontrole e paciência. Essa purificação mental deixa nossa natureza divina brilhar.

Shankara, o grande sábio-filósofo da Índia, usava o exemplo da corda e da cobra para ilustrar o conceito de Maya. Andando por uma rua escura, um homem vê uma cobra; seu coração bate mais forte, sua pulsação acelera. Examinando mais de perto, a “cobra” vem a ser um pedaço de corda enrolada. Uma vez que a ilusão se desfaz, a cobra desaparece para sempre.

Assim, andando pela rua escura da ignorância, vemos a nós mesmos como criaturas mortais, e, à nossa volta, o universo do nome e da forma, o universo condicionado por tempo, espaço e causalidade. Ficamos cientes de nossas limitações, escravidão e sofrimento. “Examinando mais de perto”, tanto a criatura mortal quanto o universo não são outra coisa senão Brahman. Uma vez que a ilusão se desfaz, nossa mortalidade e também o universo desaparecem para sempre. Vemos Brahman existindo em todo lugar e em todas as coisas.

About The Author

Valmor Goulart

Professor de Informática, Designer Gráfico, Web-Designer.

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